Pérolas do Cancioneiro Popular III

PITUCA

Autores : Pio / Toré / Leo Boechat / Felipe Vaz


Hoje é sexta-feira
Foi a família inteira
Pra Jacarepaguá
E eu aqui em casa
Acordado a noite inteira
Pra ter que te cuidar

Não lamba tua ferida
Que depois te dou comida
Pra você jantar
Mas só peço um favor
Não vomite no tapete
Que é pra não ter que limpar

Minha Pituca
Meu querido cão-bala
Não cague na minha sala
Seu Laurão tá pra chegar
E eu não quero apanhar
REFRÃO
Minha Pituca
Meu cãozinho sacolé
Quero te pegar no colo
Te deitar no solo
E te fazer mulher...

Se você fosse gente
Seria minha irmã
Mas você é minha “cã”
Cachorrinha inteligente
Só você me compreende
Minha bala de “canhã”

De manhã na padaria
Como Seu Laurão queria
Tua papita eu vou comprar
E a noite chega novamente
Eu e você somente
Sob a luz do luar
E as tartarugas a cantar !

REFRÃO


A canção de amor “Pituca” composta por Pio, Toré, Leo Boechat e Felipe Vaz, é um tributo àquela cadela de mesmo nome (já falecida), amada por todos e bicho de estimação da família Tinoco, de nosso amigo Vitor. Esse bolero, cantado em sua versão original por Pio (com extrema maestria), e na gravação de estúdio por Julio, tem a letra na primeira pessoa, no caso, Vitor Tinoco em uma ode à sua musa canina. Muitos fatos verídicos vividos pelos autores e pela protagonista, além do dia-a-dia da família Tinoco, são relatados na letra. A noite que inspirou a composição ocorreu no ano de 1989, na qual vários amigos (entre eles os autores, Vitor e Gugu), depois de várias tentativas frustradas de fazer algo que prestasse, foram parar na famosa cobertura da família no bairro de botafogo, palco de festas históricas. Ao chegar lá, Pituca estava doente, lambia sua ferida compulsivamente e vomitava por todo lado. A cena que se segue é : vários homens (só homens !!..) espalhados pela casa, admirando o luar e vendo Vitor cuidando de sua amada “cã”. São citados personagens como Seu Laurão, pai de Vitor, e as tartarugas, também habitantes da casa. Por ter seu corpo em forma de sacolé, algumas outras palavras também são usadas para lembrar tal fato como “Cão-bala” e “Bala de canhã” (aqui uma licença poética para rimar com irmã e “cã”, que deveria ser o feminino de “cão”). A música foi composta a oito mãos na casa de Leo Boechat. Felipe Vaz ao piano, Toré e Léo nos violões e Pio cantando.Na introdução canta-se a melodia de "Bésame Mucho" e na letra, quase toda de autoria de Pio, há também uma citação da obra “Deixa eu te amar”, sucesso da época, de Agepê : “Quero te pegar no colo, te deitar no solo e te fazer mulher !”. “Pituca” foi executada em público pela banda “Pio e Los Tropicanas” (que também executou “Zero em Química”) no ano de 1989, no Circo Voador, durante o FESTICAP. Ficou em segundo lugar, perdendo para “Troncomóvel”, outra obra-prima Bilu.

Pérolas do Cancioneiro Popular II


Pêra
Autores : Pio / Toré
1990


Pêra
Menino quadrado, filho de Jesus
Menino sagrado
Menino peludo, filho de Tarzan
Menino gorila
Quero pera ontem, hoje e amanhã
Amanhã

Dá uma Pêra aí
Eu quero pêra
Dá uma Pêra aí
Eu quero pêra
Me dá uma pêra que é filho de Jesus
Irmão de um cachorro
Namorado de Marçã

Pera-ra-iá laiá laiá laiá
Pera-ra-iá laiá laiá laiá

Pê-pê-pê-pê-pê Pêra
Pê-pê-pê-pê-pê Pêra

Pêra
Luta judô é filho do Cristo Redentor
E luta aikidô
Ele é meu amigo, é meu camarada
Tá sempre na feira
Chora quando ri, parece o Moreira
Moreira

Parece com o Moreira
Ele é o Pêra
Vitamina A
Ele é o Pêra

Ele é o Pêra que é filho de Jesus
Irmão de um cachorro
Namorado de Marçã

Pera-ra-iá laiá laiá laiá
Pera-ra-iá laiá laiá laiá

Pê-pê-pê-pê-pê Pêra
Pê-pê-pê-pê-pê Pêra

"O mar quando quebra na praia
É bonito, é bonito !
Ensaboa mulata, ensaboa
Ensaboa, estou ensaboando
Vida de nêgo é difícil
É difícil como o quê..."

A música “Pêra” , da dupla Pio-Toré, foi composta em 1990 em homenagem a Bernardo Ortega, irmão de Mauricio Ortega, o famoso Cachorrinho. Em dado momento nos históricos dias vividos entre 1978 e 1988 no Colégio de Aplicação da UFRJ, Pio e Toré, observavam a “fauna” escolar passando diante de seu olhos, quando um dos dois falou : “O Bernardo é meio quadrado né ?” , no que o outro retrucou :”Quadrado ? Careta ? “, “Não ! É meio quadrado, em forma de quadrado !” . Pio, pensativo e após alguns segundos, disse : “É quadrado, mas a cabeça tem formato de pêra !”. E assim surgiu a idéia de uma música em homenagem a tão carismático cidadão. Outros personagens aparecem na letra : Jesus / Cristo Redentor (o pai de Pêra que fora visto andar por sobre as águas certa vez, com sua polpuda barba ruiva...); Marçã (Marcela) namorada de Bernardo àquela época; Moreira , o então governador Moreira Franco, que, assim como Pêra, quando ria parecia estar chorando; e, é claro, o Cachorro, seu irmão Mauricio. Além dos personagens é também citado o Aikidô , arte marcial na qual o clã dos Ortega é faixa preta !Judô foi apenas para rimar com Aikidô, já que Pêra jamais praticou tal luta. Fala-se ainda em “menino peludo” e “menino-gorila” em uma alusão à “modesta” quantidade de pêlos no corpo de nosso protagonista. Quanto à gravação da música, destacam-se o côro das baianas bilus, o trompete desafinado mexicano de Babolé, e a participação vocal de Pio no final da música, fazendo uma homenagem emocionante ao grande Dorival Caymi e tocando um surdo que fenomenalmente não entra certo em nenhum tempo ! Como a música foi composta na casa de outro Bernardo, o Araújo, jornalista e famoso Digbão (também tema de música), este sempre reivindicou sua participação na composição, mas é apenas uma lenda... (post com colaboração de Mauricio "Cachorrinho")

Cifras

Parte A

D D A A(3X)

Parte B

G G D D (2 X)
G A D D (2X)

Baianas

D G A D (2 X)

Pê-pê-pê-pê-pê-pê-ra

D D A A (2X)

Bilus Continuam a Ser Plagiados

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